Thursday, September 08, 2016

“Stranger Things”, o regresso da aventura





Ainda há pouco tempo me queixava que tinha saudades do bom cinema de aventuras de Steven Spielberg, Chris Columbus, Richard Donner, Joe Dante, George Lucas e mais uma mão cheia deles, estão-me a cansar as histórias sem humanização dentro, e eis que aparece “Stranger Things”. 

A série de oito episódios, que está disponível na Netflix e que já anuncia a sua segunda temporada para 2017, é uma criação de Ross e Matt Duffer, os Duffer Brothers, que antes tinham escrito e realizado alguns episódios de “Wayward Pines” e o filme “Hidden”, para além de quatro curtas-metragens. 

“Stranger Things” passa-se em 1983 na pequena cidade americana de Hawkins e é uma recriação notável do tempo em que os telefones eram de disco, os rádios funcionavam a corrente ou pilhas, havia cassetes áudio e faziam-se “mix tapes”, jogavam-se jogos de tabuleiro, havia tempo para brincar na rua, correr de bicicleta e a série dá isso de forma extraordinária casando-o com um mundo de ficção científica e de suspense que se mantém de episódio para episódio (só perdendo ligeiramente a força no sétimo) e agarrando-nos como há muito tempo poucas séries o conseguiam fazer. 

 O elenco tem elementos muito fortes, sendo encabeçado por Winona Ryder como Joyce Byers uma mãe desesperada na procura do seu filho desaparecido, Winona mantém a coerência do seu papel ao longo de toda a série o que, tendo em conta algumas das cenas difíceis que tem de fazer em que está sozinha, é de se lhe tirar o chapéu, e não podemos deixar de nos lembrar de “Beetlejuice”. 
David Harbour que interpreta o chefe de polícia Jim Hopper é absolutamente notável no papel de durão e juntamente com Millie Bobby Brown as duas grandes presenças na série. Millie Bobby Brown é a Eleven, uma interpretação extraordinária sendo que é uma das âncoras da série e que se não fosse tão bem interpretado destruiria por completo a história. 
Outra coisa muito bem conseguida é o restante elenco infantil: Finn Wolfhard, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin e Charlie Heaton que são muitos bons actores mas mais do que isso, dão-nos uma outra visão do típico grupo de amigos do filme norte-americano, nenhum deles é aquilo que seria de esperar, falam uns com os outros sobre tudo e mais alguma coisa, brincam, discutem e são amigos e “os amigos não mentem” 

É claro que a série tem uma quantidade de referências (como se pode ver no vídeo abaixo) e há quem diga que “Stranger Things” não é mais do que uma amalgama de ideias, mas não me parece que seja apenas isso, “Stranger Things” é, sem dúvida, uma série de entretenimento “mainstream”, que toca em personagens tipo e temas convencionais destes géneros, como por exemplo os pais e filhos que se afastam e não se ouvem ou as relações amorosas e as “primeiras vezes”, mas tudo isso vem num embrulho bem feito, bem escrito, bem representado e a não querer enganar ninguém e não querendo ser nada mais do que isso mesmo. 


References to 70-80's movies in Stranger Things from Ulysse Thevenon on Vimeo.

No comments: