Gosto tanto deste cantinho à beira mar plantado... Há uns anos atrás (quando era importante que o fizessem) ninguém ligava nenhuma ao António Macedo e aos filmes dele, não tinha dinheiro para filmar, a Cinequanon concorria ao IPC, IPACA, ICAM (ou lá o que lhe quisessem chamar) e a última coisa que ele conseguiu fazer foi o "Chá Forte com Limão" em 93 seguido de um documentário sobre o Santo António, isto depois de ter feito filmes como o "Domingo à Tarde", "Sete Balas para Selma", "Nojo aos Cães", "A Promessa", "As Horas de Maria", "Os Abismos da Meia-Noite", entre tantos outros e quer se goste ou não muitos foram obras marcantes no cinema português, marcando um género, um estilo e fazendo vincandamente um cinema particular de autor, daquele autor, um cinema do António Macedo. E agora onde estavam as edições em VHS (ainda houve algumas...) e em DVD e a continuação do seu trabalho? Pois é, agora que a Cinemateca lhe está a fazer uma justíssima retrospectiva, cumprindo assim a função principal da Cinemateca, a de divulgar e preservar o Cinema Português - longa vida a esta direcção que vem finalmente honrar o nome do Luís de Pina! - mas agora anda tudo a embandeirar em arco com o cinema do António Macedo... Eu por mim que até entrei em dois filmes dele (um quando tinha apenas 15 dias de idade) fico muito contente, não apenas por se tratar do Macedo mas porque vejo tanto na retrospectiva da Cinemateca como neste revitalizar através das redes sociais, da imprensa e do boca a boca da sua cinematografia, uma hipótese da revitalização de todo o cinema português esquecido nos depósitos da Cinemateca e do ICA, de tantos realizadores bons, interessantes ou apenas assim-assim, mas que fazem parte do Cinema Português, que sempre existiu!