Wednesday, May 31, 2006

lisbon village festival


É hoje a Festa de Lançamento e anúncio da programação do Lisbon Village Festival. Lá estarei para ver o que nos reserva o futuro digital...

welcome godbye

No Blue Elephant Theatre em Camberwell até 30 de Junho com Teatro Praga, Patrícia Portela, Beatriz Cantinho, Cão Solteiro, Rogério Nuno Costa, Marília Maria Mira, Valentim Quaresma, Teresa Milheiro, Rodrigo Vilhena, Liavali Coquet, Mónica De Miranda, Paula Roush, Ana António Gill, Luís Torres e Nuno Luz, um festival sobre Portugal e a portugalidade através de novos artistas e projectos. http://welcomegoodbye.blogspot.com/

alkantara#1


Festival Alkantara está prestes a começar. A não perder! Até porque a programação é tanta, os locais tantos, as sessões tantas, as perfomances, a dança e o teatro tantos, que não há justificação. http://www.alkantarafestival.pt/

feira do livro#1

Apesar de todos os problemas e controversias, Angola é o país convidado da Feira do Livro. A culpa da fraca participação é atirada da APEL, para a embaixada, da embaixada para os escritores, dos escritores para os editores, dos editores para a APEL.... No enatanto, e com culpa ou sem culpa, o primeiro país convidado da Feira do Livro está a passar muito despercebido. Quem for à feira do livro e quiser procurar pela representação angolana é um bunker branco ao cimo do Parque Eduardo VII.
Eu conheci este "quem me dera ser onda" pela mãos do Alfredo. É um livro muito interessante.

Monday, May 29, 2006

regresso

voltaram as noites no "Bons Amigos" e os projectos acordam... Eu e o Victor perdidos nas noites que nos tentam encontrar numa Lisboa que faz por nos perder...

cannes #4 - momentos perdidos side b








cannes #3 - juventude em marcha



Juventude em Marcha, de Pedro Costa, em Cannes.

cannes #2 - momentos perdidos side a












cannes #1 - os prémios

Ontem foram entregues os prémios do 59e FESTIVAL DE CANNES. Para quem leu o artigo no DN do Eurico Barros e ficou um pouco atrapalhado é bom ler o Linha dos Nodos - http://linha-dos-nodos.blogspot.com/2006_05_01_linha-dos-nodos_archive.html - onde fica tudo explicado. Entre desilusões e alegrias aqui fica o palmarés.

Longas Metragens
PALME D'OR
THE WIND THAT SHAKES THE BARLEY de Ken LOACH
GRAND PRIX
FLANDRES, de Bruno DUMONT
PRÉMIO DE ARGUMENTO
Pedro ALMODÓVAR por VOLVER
PRÉMIO DE REALIZAÇÃO
Alejandro González IÑÁRRITU por BABEL
PRÉMIO DE INTERPRETAÇÃO MASCULINA
Aos actores Jamel DEBBOUZE, Samy NACÉRI, Roschdy ZEM, Sami BOUAJILA, Bernard BLANCAN em INDIGÈNES de Rachid BOUCHAREB
PRÉMIO DE INTERPRETAÇÃO FEMININA
Às actrizes Penélope CRUZ, Carmen MAURA, Lola DUEÑAS, Blanca PORTILLO, Yohana COBO, Chus LAMPREAVE em VOLVER de Pedro ALMODÓVAR
PRÉMIO DO JURI
RED ROAD, de Andrea ARNOLD
Curtas-Metragens
PALME D'OR
SNIFFER, de Bobbie PEERS
PRÉMIO DU JURI
PRIMERA NIEVE, de Pablo AGUERO
MENÇÃO HONROSA
CONTE DE QUARTIER, de Florence MIAILHE
PRÉMIO UN CERTAIN REGARD – FONDATION GAN POUR LE CINÉMA
LUXURY CAR, de WANG Chao
PRÉMIO ESPECIAL DO JURI UN CERTAIN REGARD
TEN CANOES, de Rolf De HEER
PRÉMIO DE INTERPRETAÇÃO UN CERTAIN REGARD
Dorotheea PETRE em CUM MI-AM PETRECUT SFÂRSITUL LUMII, de Catalin MITULESCU
PRÉMIO DE INTERPRETAÇÃO UN CERTAIN REGARD
Don Angel TAVIRA em EL VIOLÍN, de Francisco VARGAS
PRÉMIO DO PRESIDENTE DO JURI UN CERTAIN REGARD
MEURTRIÈRES, de Patrick GRANDPERRET
CAMÉRA D’OR
A FOST SAU N-A FOST ?, de Corneliu PORUMBOIU (apresentado no âmbito da Quinzaine des Réalisateurs)
CINÉFONDATION
PRIMEIRO PRÉMIO
GE & ZETA, de Gustavo RIET
SEGUNDO PRÉMIO
MR. SCHWARTZ, MR. HAZEN & MR. HORLOCKER, de Stefan MUELLER
TRECEIRO PRÉMIO - EX-EQUO
MOTHER, de Siân HEDER
A VÍRUS, de Ágnes KOCSIS
O Juri da Commission Supérieure Technique de l’Image et du Son decidiu, unanimemente, entregar o Prémio Vulcain de l’Artiste-Technicien a
Stephen MIRRIONE, pelo seu trabalho de montagem em BABEL.

Sunday, May 28, 2006



O Gustavo esteve por Lisboa durante esta semana. Amanhã regressa a Alcochete. A Rita conheceu o Gustavo hoje.

Saturday, May 27, 2006

lugares vazios

Por vezes os lugares vazios são aqueles que mais nos enchem.

Thursday, May 25, 2006

"Medeia" no Nacional


No Teatro Nacional D. Maria II - "Medeia", de Eurípedes. Numa tradução de Sophia de Mello Breyner, com encenação da sempre extraordinária (não só como encenadora, mas neste caso um dos grandes momentos da peça quando chega o seu mensageiro) Fernanda Lapa e cenografia e figurinos de António Lagarto a quem se deve um dos mais bonitos momentos da peça com Medeia na sua varanda preparando-se para a fuga tendo como veículo um sol extraordinário.
O elenco encabeçado por Manuela de Freitas, tem um muito bom João Grosso, um António Rama (que deveria fazer teatro todos os dias), José Neves (com um figurino extraordinário), Luísa Cruz (que já ví muito mais interessante em trabalhos com Ricardo Pais), a sempre lindíssima Sara Carinhas e ainda Inês Nogueira, Margarida Mestre, Marta Lapa, Sofia Petinga e Sónia Neves.
O Calvinho gostou muito da Manuela de Freitas, eu tive momentos.
Medeia, princesa da Cólquida (hoje Geórgia), traiu o seu País e o seu Pai, entregando o Velo de Ouro a Jasão, o herói grego comandante dos Argonautas. Segue-o apaixonadamente até à Grécia onde vive como exilada durante dez anos, “em tudo se submetendo à vontade do marido” e às leis e costumes de um país estrangeiro. A acção decorre em Corinto, quando Jasão a repudia para se tornar genro do rei Creonte. Medeia é expulsa com os dois filhos. Fica reduzida à condição de apátrida e ela mesma se considera como um “despojo” trazido de uma terra bárbara. O ultraje sofrido por ela, é também um ultraje aos deuses antigos, perante os quais Jasão fez juramentos que agora quebra. Medeia, herdeira da ordem antiga, jura vingá-la destruindo a nova ordem. Destrói a casa real de Corinto, matando o rei e sua filha e destrói Jasão, matando os filhos de ambos. Para “espanto” dos mortais só é castigada pelo seu próprio sofrimento. O Sol, pai de seu pai, envia-lhe um carro que lhe permite a fuga gloriosa…
Teatro Nacional Dª. Maria II
Sala GARRETT
MAI 03 – JUN 11
3ª a SÁB. 21H30 DOM. 16H00

dia de espiga


A espiga de trigo, um malmequer, uma papoila, um ramo de oliveira, um ramo de parreira e um pé de alecrim... A Espiga – Pão, Malmequer – Ouro e prata, Papoila – Amor e vida, Oliveira – Azeite e paz, Videira – Vinho e alegria e Alecrim – Saúde e força

Tuesday, May 23, 2006

Vanity Fair


O número de Junho acabado sair, vai ser a leitura desta noite...

Ibsen


Cumpriu-se ontem o centenário da morte do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (20 Março 1828 – 23 Maio 1906). Depois de Shakespeare o autor mais representado nos palcos do mundo inteiro. Ibsen conhecerá em breve a publicação pela Cotovia, em quatro volumes, de parte significativa da sua obra. Na Feira do Livro de Lisboa, OTeatro de Ibsen animará a sessão de dia 9 de Junho, pelas 18h, onde estarão presentes Gustavo Rubim, Jorge Silva Melo e as actrizes Carmen Dolores, Gina Santos e Sylvie Rocha.

mais informações em : http://www.ibsen.net/

armazém aér(i)o

Extraordinária companhia de dança vertical.
www.armazemaerio.blogspot.com

Monday, May 22, 2006

Nada Nunca Se Acaba


Acabei a semana passada o "Paris Nunca Se Acaba" do Enrique Vila-Matas. Extraordinário.

"Não creio que demore a ausentar-me daqui. Irei com a minha consciência, que para mim foi sempre uma ironia em crescimento que, à medida que se tornava forte e grande, tendia ao mesmo tempo, paradoxalmente, a desaparecer. Foi algo que fui descobrindo à medida que vivia e se ia aumentando essa consciência, que nada seria sem a ironia. Irei daqui para me dissolver, dissociar-me, desintegrar-me, deixar feito em farrapos toda a intenção de personalidade ou de consciência, qualquer nostalgia de Paris. No fim de tudo, ironizar é ausentar-se"

Sunday, May 21, 2006

MANOBRAS

Excelente desfile de Susana Rolim nas Manobras de Maio!

GLOBOS D'OIRO


Fraquinho...

OS DIAS DO TEATRO MARIA MATOS


OS DIAS DO TEATRO MARIA MATOS

1. O Dia
Um dia, quer seja mundial ou nacional dedicado a qualquer coisa, seja a poesia, a Poesia, a Criança, a Árvore, o Pai ou a Mãe parece-me sempre uma má desculpa. No entanto, ou talvez por isso mesmo, no dia 27 de Março, celebrou-se o Dia Mundial do Teatro, dia portanto para lembrar o Teatro, os Teatros, Actores, Encenadores, Autores, Técnicos, enfim, todos aqueles que fazem o Teatro.
Por todo o país várias foram as actividades, estreias, debates e colóquios que nos fizeram lembrar de que temos uma forte tradição teatral e um fortíssimo presente e futuro. Desde o Teatro da Beiras, que estreou mais uma peça, até à Câmara Municipal de Matosinhos que levou os reclusos do estabelecimento prisional de Santa Cruz de Bispo ao teatro, foram várias as companhias, actores, encenadores e técnicos que lembraram ao público que há teatro em Portugal, sim, não basta dizer, como li em blogs, jornais e um pouco por toda a parte, que não se fez nada para celebrar o Dia Mundial do Teatro, porque apesar de ser segunda-feira e dia de descanso das companhias, há muito quem tenha feito ver que dia 27 de Março foi Dia Mundial do Teatro. No entanto convém o público lembrar-se de que o teatro é como o natal, quando o homem quer.

2. As Mensagens
Forte tradição do Dia Mundial do Teatro são as mensagens. Este ano a mensagem Internacional foi da autoria do dramaturgo mexicano Víctor Hugo Rascón-Banda e lembra que “O teatro tem inimigos visíveis, a ausência de educação artística na infância, que impede a sua descoberta e o seu usufruto; a pobreza que invade o mundo, afastando os espectadores, e a indiferença e o desprezo dos governos que deviam promovê-lo.
No teatro falavam os deuses e os homens, mas agora o homem fala para outros homens. Para isso o teatro tem de ser maior e melhor que a própria vida. O teatro é um acto de fé no valor de uma palavra sensata num mundo demente. É um acto de fé nos seres humanos que são responsáveis pelo seu destino.
É necessário viver o teatro para entender o que se passa, para transmitir a dor que está no ar, mas também para vislumbrar um raio de esperança no caos e pesadelo quotidianos”. Portugal, através da Sociedade Portuguesa de Autores, também teve a sua mensagem da autoria do encenador Carlos Avilez e que acabava dizendo “Aos mais novos, àqueles que por vezes terminam os seus cursos e depois ficam à espera de uma oportunidade, àqueles em quem eu acredito que serão o teatro do futuro, que serão os responsáveis por esta profissão maravilhosa, única. Garanto que vale a pena! O teatro não esquece aqueles que o amam e o servem sem se servirem dele. A vossa oportunidade chegará”. Carlos Avilez lembrou ainda na sua mensagem dois nomes maiores do Teatro Português que lamentavelmente não poderemos voltar a ver, Isabel de Castro e Canto e Castro.

3. O Maria Matos
O Teatro Maria Matos reabriu no Dia Mundial do Teatro as suas portas. Diogo Infante, o novo director artístico, deixou claro o caminho do teatro que quer fazer porque, como ele próprio disse, é preciso olhar para o passado para poder programar o futuro.
Foi com os olhos postos no futuro que se exibiu o documentário “Maria Matos, um Teatro com História” de Cláudia Varejão, um vídeo que evocou os grandes sucessos do Teatro Maria Matos, desde o ano da sua fundação até à actualidade. Para além da qualidade do documentário, parece-me importante frisar a colaboração da RTP não só neste, como em vários outros documentários que se fazem (e tentam fazer) sobre actores, autores, locais, enfim, momentos e personagens importantes do país e que só podem ser realizados recorrendo ao arquivo da RTP. Este é, sem dúvida, um ponto importante do serviço público, e este vídeo sobre o Maria Matos é um exemplo extraordinário, tendo em conta que é quase todo construído recorrendo ao arquivo da estação estatal. É importante que a RTP continue este seu trabalho tanto em produção própria como em colaborações com autores externos para que a história do país seja contada e recontada.
Entretanto, Diogo Infante chamou ao palco no novo Maria Matos um grupo de actores e actrizes que marcaram a sua presença em produções anteriores daquele teatro, tendo reunido um grupo invejável, contando com Simone de Oliveira, Vítor de Sousa, Florbela Queiróz, Eunice Muñoz, que leu a mensagem de Víctor Hugo Rascón-Banda, Rui de Carvalho, Adelaide João e Igrejas Caeiro que foi o primeiro director artístico daquele espaço.
Depois foi altura de lembrar o centenário de Samuel Beckett, com duas peças radiofónicas dirigidas por João Lagarto e Gonçalo Waddington. O palco do Maria Matos voltou à vida com “Rough for Rádio”, transmitidas em directo pela Antena 2. Pena é que quem ouviu as peças pela rádio não tenha visto o palco do Maria Matos novamente iluminado por um excelente desenho de luz e não tenha podido ver Carla Maciel, Valerie Bradell, Afonso Lagarto, João Lagarto e ainda o músico Fernando Mota com a sua panóplia de instrumentos.
O novo Teatro Maria Matos e o seu Director Artístico prometem uma programação com alguns momentos interessantes (veja-se o projecto de Clara Andermatt, o concerto de Victoria Abril que canta Chico Buarque, Caetano Veloso, Jobim e Vinicius de Moraes ou a peça “Laramie”, de Moisés Kaufman, encenada pelo próprio Diogo Infante com Adriano Luz, Fernando Luís, Filipe Duarte, Flávia Gusmão, Isabel Abreu, Nuno Gil, Paula Fonseca, Pedro Laginha e Teresa Madruga), bem como o desenvolvimento de projectos ligados à jovem criação, realizando acções de formação dirigidas a público infantil e sénior, criando um elo de ligação com a sociedade civil e recuperando o "Prémio Maria Matos" na área da nova dramaturgia portuguesa.
Ah, é verdade, as casas de banho estão lindas e os móveis do bar são fantásticos!

BECKETT ON FILM


Texto para catalogo do FAMAFEST 2006
BECKETT ON FILM
Estragon: Well, shall we go?
Vladimir: Yes, let's go. (They Don’t Move)
In “Waiting For Godot”

O projecto “Beckett on Film” foi idealizado por Michael Colgan, director artístico do Gate Theatre de Dublin, onde em 1991 produziu o Beckett Festival, pondo em cena as dezanove peças de Samuel Beckett durante um período de três semanas. O sucesso do festival foi tão grande que foi levado ao Lincon Center de Nova Iorque em 96, vindo a repetir-se em anos seguintes, tendo o último sido realizado no Barbican Center em Londres. Em 1996 Colgan, associando-se a Alan Moloney, produz o projecto “Beckett on Film”, com a RTE, Channel 4 e o Irish Film Board.
O projecto “Beckett on Film”, reúne pela primeira vez a gravação de todas as dezanove peças de teatro de Samuel Beckett (“Waiting for Godot”, “Krapp’s Last Tape”, “Happy Days”, “Endgame”, “Not I”, “What Where”, “Catastrophe”, “Act Without Words II”, “Rough for Theatre I”, “Footfalls”, “Rough for Theatre II”, “A Piece of Monologue”, “Ohio Impromptu”, “Come and Go”, “Breath”, “Play”, “Act Without Words I”, That Time” e “Rockaby”), realizadas e interpretadas por alguns dos mais interessantes realizadores e actores da actualidade. O “star factor” poderia fazer com que a série vivesse unicamente dos nomes escolhidos, mas não, nota-se a preocupação de escolher nomes, mas nomes com um selo de qualidade, actores e realizadores que para além do seu nome tragam algo mais ao universo beckettiano e isso é notável.
“Act Without Words 1” é um excelente início para este projecto, realizado pelo checoslovaco Karel Reisz (“Night Must Fall”, “Isadora”, “The French Lieutenant's Woman”) a partir da peça sem palavras escrita em francês por Beckett, aqui representado por Sean Foley (vencedor do Olivier Award por “Do you come here often?”) num trabalho notável de mímica e contenção. Logo a seguir vem “Act Without Words II” realizado por Enda Hughes, realizadora irlandesa de curtas-metragens que aqui dirige Pat Kinevane (Actor do Gate Theatre em peças como “As You Like It”, “Waiting for Godot”, “She Stoops to Conquer” e “A Midsummer Night's Dream” e também de “Act Without Words II”, “Not I” e “What Where” no Beckett Festival no Barbican Centre em Londres em 1999) e Marcello Magni (“Honest Whores” (Globe), “King Lear” (Young Vic) e “Mother Courage”. Fundador do Theatre de Complicite) numa mímica cíclica, rotineira e hipnotizante.
“Breath” é um notável trabalho de 45 segundos, realizado pelo inglês Damian Hirst, um nome maior das artes plásticas europeias, que nos transporta neste filme/instalação a uma pilha de lixo com uma única voz que chora e respira, perdendo-se naquela limitada imensidão. A voz é a do actor Keith Allen (“Trainspotting”, “My Wife is an Actress”, “Shallow Grave”).
“Catastrophe” é um notável trabalho de David Mamet (autor das peças “Oleanna” ou “Glengarry Glen Ross” (Prémio Pulitzer), entre outras. Realizou “The Postman Always Rings Twice”, “The Untouchables”, “Hoffa”, “Wag the Dog”, etc) onde o palco se torna protagonista e o actor um fantoche de um encenador e da sua assistente. Um elenco notável com Rebecca Pidgeon (“State and Main”), Harold Pinter (um dos dramaturgos mais influents do século, autor das peças “The Caretaker”, “The Lover”, “The Homecoming”, “Old Times”, “No Man's Land” e “Betrayal” e dos argumentos cinematograficos “The Last Tycoon”, “The French Lieutenant's Woman”, “The Handmaid's Tale”, “Remains of the Day”, etc) e um notável John Gielgud (“Shine”, “Prospero's Books”, etc. No teatro a sua última peça foi em 1987 “The Best of Friends”. “Catastrophe” viria a ser o seu último trabalho).
John Crowleyis (encenador) realiza “Come and Go”, sete minutos apenas, mas que condensam três vidas de três mulheres numa mistura de segredos e evidências, com Anna Massey (“Frenzy”, de Hitchcock), Sian Phillips (“Dune”, “Valmont”, “Clash of the Titans” e “The Age of Innocence”) e Paola Dionisotti.
”Endgame” que há pouco tempo tivemos oportunidade de ver em Portugal numa produção da Primeiros Sintomas e do Teatro Meridional, com as duplas João Lagarto e Gonçalo Waddington ou Miguel Seabra e Diogo Infante, aparece aqui numa realização de Conor McPherson (escritor e realizador), com Michael Gambon (um dos actores fundadores da National Theatre Company no Old Vic sob a direcção de Laurence Olivier e actor em “The Cook, The Thief, his Wife and Her Lover” ou “Sleepy Hollow”) no papel de Hamm e em Clov, David Thewlis (“The Big Lebowski”, “Naked”). Nagg está entregue a Charles Simon (“Topsy-Turvy”, “Shadowlands”) e Nell a Jean Anderson
“Footfalls” é uma realização do encenador alemão Walter Asmus que levou à cena “Waiting For Godot” em 1988 no Gate Theatre e que junta agora Susan Fitzgerald e Joan O'Hara neste diálogo entre May e a voz da sua mãe.
A canadiana Patricia Rozema realiza “Happy Days”, que recentemente vimos com o título “Ah Que Ricos Dias” pela Companhia Teatral do Chiado com Lia Gama e Alberto Vilar, encenado por Juvenal Garcês, onde Rosaleen Linehan interpreta a Winnie e Richard Johnson o Willie no cenário natural de Tenerife, numa mise-en-scene envolvente para aquela que é talvez a mais divertida peça de Samuel Beckett.
“Krapp’s Last Tape” realizado por Atom Egoyan (“Felicia's Journey”, “The Sweet Hereafter”, “Exotica”, etc) tráz um notável John Hurt (“Midnight Express”, “The Elephant Man”, ”Alien”, etc) numa ligação entre o homem e a máquina, o passado, o presente e um possível futuro, a memória e a perca da mesma.
“Not I”, de que alguns possivelmente recordam a Graça Lobo primeiro no Teatro Nacional D. Maria II e posteriormente gravada para RTP, aparece aqui numa interpretação da boca de Julianne Moore (“Short Cuts”, “Boogie Nights”, “The Big Lebowski”, “Magnolia”, “Safe” ou ”An Ideal Husband”) e numa realização de Neil Jordan (“Company of Wolves”, “The Crying Game”, “Michael Collins”, “The Butcher Boy” ou o recente “Breakfast on Pluto”) que aqui adultera aquilo que creio ter sido a ideia inicial de Beckett de um plano único da boca, entrecortando-a em nove diferentes planos.
Realizado por Robin Lefevre (actor, encenador e realizador), “A Piece Of Monologue” mostra-nos o actor Stephen Brennan num monólogo hipnotizante de 20 minutos que nos faz querer ver mais e ouvir mais.
“Ohio Impromptu” é outro ponto alto deste projecto, com Jeremy Irons (“Brideshead Revisited”, “Reversal of Fortune”, “The French Lieutenant's Woman”, “Kafka”, etc) numa interpretação notável consigo mesmo, com realização de Charles Sturridge (“Runners”, “A Handful of Dust”, “Aria”, etc) mostrando-se envolvente e perturbadora neste diálogo unilateral entre leitor e ouvinte.
“Play” é outra das mais notáveis peças de Beckett, aqui realizada por Anthony Minghella (“Truly, Madly, Deeply”, “The Talented Mr Ripley”) com Alan Rickman (“Bob Roberts”, “Sense and Sensibility”, “Michael Collins”), Kristin Scott Thomas (“The English Patient”, ”Mission: Impossible”, “Four Weddings and a Funeral”) e Juliet Stevenson (“Truly, Madly, Deeply”, “Drowning by Numbers”) num triângulo amoroso contado por três cabeças pertencentes a três corpos enclausurados dentro de três urnas.
“Rockaby” realizado por Richard Eyre (“The Ploughman's Lunch”, “Laughterhouse”) com Penelope Wilton num confronto entre o interior e o exterior, entre o ser e o ter sido.
“Rough for Theatre I” do realizador irlandês Kieron J Walsh com David Kelly (“nto the West”, “Philadelphia Here I Come”) e Milo O'Shea (“Ulysses”, “Romeo and Juliet”, “Barbarella”, “The Butcher Boy”) é a história de uma tentativa de união entre um cego e um homem com problemas de mobilidade, de maneira a juntarem visão e mobilidade e assim puderem viver as suas antigas paixões.
Katie Mitchell (encenadora da Royal Shakespeare Company, Royal National Theatre, Royal Court Theatre, Donmar Warehouse) dirige Jim Norton, Timothy Spall (“Topsy-Turvy”, “Secret and Lies”, “White Hunter Black Heart”) e Hugh B O'Brien em “Rough for Theatre II”, a tentativa de calcular uma vida através de documentos desprezando por completo o ser humano, numa tarefa unicamente burocrática.
Realizado por Charles Garrad (director artístico de dois outros filmes do projecto “Waiting for Godot” e “Act Without Words I”, “That Time” com Niall Buggy (“The Butcher Boy”, “Sweeney Todd”) é a reunião de três monólogos retirados de três momentos diferentes da vida de uma personagem, três vozes diferentes para cada momento e no ecrã o homem que apenas ouve.
“Waiting for Godot”, é uma das, senão a mais, conhecida peças de Beckett, acompanhando a espera infindável de Vladimir, Estragon, e depois Pozzo e Lucky por Godot. Como disse a crítica irlandesa Vivian Mercier “Waiting for Godot is a play in which nothing happens, twice”. Uma realização de Lindsay-Hogg (“Let it Be”, “Two of Us”, “The Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde”) com Barry McGovern (“Joe Versus the Volcano”, “Braveheart”, “Felicia's Journey”), Johnny Murphy (“The Commitments”) e Stephen Brennan.
Do realizador Damien O'Donnell (escritor e realizador), com Gary Lewis (“Gangs of New York”, “Billy Elliot”, “My Name is Joe”, “Carla's Song”, “Shallow Grave”) e Sean McGinley (“The General”m “The Butcher Boy”, “Michael Collins”, “Braveheart”), “What Where” é o ultimo filme deste projecto, um interrogatório a três personagens que são posteriormente enviadas para o confessionário.
Um projecto não só altamente louvável e indispensável, mas também muito bem conseguido. Por vezes este género de iniciativas fica-se apenas pelas intenções, e de boas intenções… No entanto este é um projecto muito bem construído, o que nos leva a pedir à nossa estação estatal acções semelhantes dedicados a autores portugueses.
“Beckett on Film” ganhou o prémio de 'Best TV Drama' no South Bank Show Awards.