Tuesday, December 02, 2008

Plano para acabar de vez com a cultura

Para começar, lança-se a ideia de que é preciso ser-se culto para se ser "alguém". Ser-se "culto" significa estar-se apto a responder aos inquéritos da "Caras" ou da "Lux": qual foi a última exposição/peça de teatro/ que viu? E o último espectáculo? Que livro levaria para a ilha deserta? Qual é o seu restaurante favorito? E viagem? E filme? Mas não é só isto: também é preciso ser-se doutor. Nenhuma pessoa pode ser considerada culta sem uma licenciatura, qualquer que seja. Fernando Pessoa, por exemplo, não era uma pessoa culta: não só não tinha um curso superior, como, do ponto de vista dos "consumos culturais", era apenas um literato, coisa que no início do século já parecia uma limitação, e que agora é, de facto, um atestado de menoridade cultural. Porque hoje a cultura é movimento, festa, agitação. E tem de ser "sinestésica". Uma pessoa culta tem de saber vestir, e estar, e rir, e conversar sobre a moda e a política e o ambiente e a música e o design. Sobretudo o design, porque sem o design apropriado ninguém é entendido como culto.
Para lançar esta ideia, contacta-se uma agência de comunicação. E desenha-se uma estratégia de marquetingue, porque sem marquetingue não há ideia que vingue - isso até o literato Pessoa já tinha descoberto. Sim, a cultura exige uma estratégia e um plano. De preferência vindos de fora; a globalização é muito bonita para tema de conversa mas, na hora da verdade, um grupo de consultores estrangeiros, que já tenha vendido festas culturais nos países que dominam o império da cultura (e do dinheiro; as duas dimensões são inseparáveis) impressiona melhor. A alternativa, mais económica mas muito prestigiante, é encomendar um "estudo" a uma universidade, estrangeira ou, neste caso, de preferência, nacional. Dá um ar de seriedade e independência, com a vantagem, em se tratando de uma universidade portuguesa, de se captarem de imediato para a causa aquilo a que em bom português se chama "opinion makers".

O plano, a estratégia e o estudo devem ser anunciados, explanados e demonstrados pelo menos uma vez por mês, e em "power point" - ou seja, num ecrã, com muitas cores e gráficos, porque a cultura contemporânea não existe sem luzes, cores, coisas a mexer. Um bom plano cultural é aquele que pretende sacudir tudo ao mesmo tempo - a palavra-chave é "interdisciplinaridade" (ou será "transdisciplinaridade"?). Juntar a dança com as artes plásticas e a fotografia e o cinema e a música e, enfim, a palavra. Um evento impactante tem de ter uma palavra de ordem, ou várias, mas curtas, e de preferência em inglês - porque essa é uma língua abençoadamente sintética e que facilita a exportação. E a cultura é para exportação.

A juventude é outra das características essenciais da cultura. Porque há necessidade de criar "novos públicos", de "inovar". De onde vem essa necessidade? Do nada - isso é que é maravilhoso: sermos capazes de, como diria Seinfeld, criar todo um programa a partir do "nada", apenas movidos pela urgência de criar animação, vitalidade, acontecimentos, enfim, cultura. Uma cultura jovem mas de "inclusão", democrática, que contemple aquilo a que se chama "multiplicidade dos olhares". E que funcione como um eterno recomeço, a festa pela festa, o evento pelo evento. Que saiba misturar o gato e o sapato, o museu e a rua, a sardinha assada e o sushi. Uma cultura assim garante a tranquilidade do povo e o orgulho pátrio: no futebol como em qualquer outra área (e o futebol também é cultura, não esqueçamos), Portugal também sabe fazer grandes festivais.

Outra coisa seria presunção e perigo. Que outra coisa? Por exemplo, criar estruturas escolares sólidas para que as pessoas possam aprender a pensar e a imaginar livremente, de modo a fazerem as suas escolhas ou desenvolverem as suas capacidades. Investir em bibliotecas e arquivos. Apoiar os criadores e os seus projectos, os investigadores, a edição e divulgação de textos e autores essenciais para a formação de um pensamento crítico. Manuel Maria Carrilho lembrava a semana passada ("Diário de Notícias", 27/11/2008) que "uma política da língua só pode ser uma política dos materiais em que ela se concretiza". Mas claro que as palavras deste filósofo não interessam nada - sobretudo porque ele já provou, enquanto ministro da Cultura, que não há nada mais prático do que uma boa teoria. Fez demasiado, exigiu demasiado, conseguiu demasiada visibilidade exterior para o cinema e a literatura portugueses - por isso acabou por ser enviado para Paris. O povo quer-se anestesiado - e o dinheiro que se gasta em estudos e festas não se gasta a dar-lhe lenha para atear o lume da imaginação ou do pensamento.
Inês Pedrosa in Expresso

Wednesday, October 01, 2008

GLASS vence FICAP


Foram anunciados ontem (28.10.08) os vencedores da 1º edição do FICAP – Festival Internacional de Cinema de Artes Performativas que decorreu no Museu Nacional do Teatro em Lisboa de 20 a 28 de Setembro.

O Júri Internacional presidido pelo realizador e crítico Lauro António e composto pela realizadora Monique Rutler, a actriz São José Lapa, o coreografo Peter Michael Dietz, a actriz Inês Lapa Lopes e o arquitecto, designer e ilustrador João Concha atribuíram o grande Prémio do FICAP 2008 ao filme “GLASS: A PORTRAIT OF PHILIP IN TWELVE PARTS”, de Scott Hicks, sobre o compositor Philip Glass.
Atribuíram também o Prémio “Artes Performativas no Audiovisual” a “APROP”, de Aitor Echeverria, o Prémio Ficção a “PAVILLON NOIR”, de Pierre Coulibeuf, o Prémio “Making Of” a “SO YOU CAN DANCE!” de Nicos Dayandos e Stelios Apostolopoulos, o Prémio “Espectáculo Gravado” a “BODY REMIX – GOLDBERG VARIATIONS”, de Marie Chouinard com uma menção honrosa para “BATTUTA”, de Bartabas, o Prémio “Biografias e Documentários” a “BETWEEN HEAVEN AND EARTH”, de Frank van den Engel e Masja Novikova com uma menção honrosa a “THE SHILLONG CHAMBER CHOIR & THE LITTLE HOME SCHOOL”, de Urmi Juvenkar. O Júri decidiu ainda atribuir um Prémio Especial do Júri a “LE QUATUOR”, de Roberto Maria Grassi com uma Menção Honrosa para “LÜBER IN DER LUFT” de Anna-Lydia Florin.

O Júri Nacional presidido pela realizadora Rosa Coutinho Cabral e composto pelo cenógrafo Bruno Guerra e pelo Cantor Joaquim Moreno decidiram atribuir O Grande Prémio Nacional a “METAMORFOSES” de Bruno Cabral, sobre o grupo de teatro da Crinabel.
Atribuíram ainda o Prémio “Artes Performativas no Audiovisual” a “SOLISTAS”, de Filipe Martins, o Prémio Ficção a “BURITIZAL”, de Alexandre Braga, o Prémio “Making Of” a “DAS REINGOLD MAKING OF” de Fernando Ávila, o Prémio “Espectáculo Gravado” a “JARDIM DE INVERNO”, de Rui Simões, o Prémio “Biografia” a “LAPSUS SONOROS”, de Luís Margalhau e o Prémio “Manuel Costa e Silva de Documentário” a “KUDURO FOGO NO MUSEKE” de Jorge António. O Júri decidiu ainda atribuir Menções Honrosas a “A MINHA ESCOLA É UM PALCO” de Margarida Moura Guedes, “RITMOS DA CIDADE”, de Luís Margalhau, “INFORME”, de Eva Ângelo, “ENRAPTURED WITH LUST MAKING OF LUSITÂNIA PALYBOYS”, de Daniel Neves e “LOOKING BACK INTO THE FUTURE”, de Ivo Serra e Rita Natálio.

O Júri Universitário constituído por Victor Jorge, Zulmira Gamito, Carlos Natálio e João Telmo Dias decidiu atribuir os seguintes prémios: Prémio Documentário Ficção a “LA DANSE DE L’ENCHANTERESSE”, de Adoor Gopalakrishnan e Brigitte Chatagnier, Prémio Documentário “BETWEEN HEAVEN AND EARTH”, de Frank van den Engel e Masja Novikova, Prémio Curta Metragem a “KARAOKE”, de Carolina Hellsgard e uma Menção Honrosa a “GENERATION 68” de Simon Brook.

A organização do festival atribuiu ainda o Prémio Pedro Bandeira Freire ao filme “DARRYL HENRIQUES IS IN SHOW BUSINESS”, de William Farley.

Wednesday, April 16, 2008

PoP! Goes My Heart

está bom tempo!

aproveitem uma visita até ao Museu Nacional do Teatro que tem uma restaurante onde se come mararvilhosamente bem e onde se está ainda melhor a olhar para o jardim. E depois uma visita pelo Museu, um dos melhores Museus portugueses.

Thursday, April 10, 2008

há "Bichos" no museu!

A geração do ecrã


«Desculpem se trago hoje à baila a história da professora agredida pela aluna, numa escola do Porto, um caso de que já toda a gente falou, mas estive longe da civilização por uns dias e, diante de tudo o que agora vi e ouvi (sim, também vi o vídeo), palavra que a única coisa que acho verdadeiramente espantosa é o espanto das pessoas.

Só quem não tem entrado numa escola nestes últimos anos, só quem não contacta com gente desta idade, só quem não anda nas ruas nem nos transportes públicos, só quem nunca viu os 'Morangos com açúcar', só quem tem andado completamente cego (e surdo) de todo é que pode ter ficado surpreendido.

Se isto fosse o caso isolado de uma aluna que tivesse ultrapassado todos os limites e agredido uma professora pelo mais fútil dos motivos - bem estaríamos nós! Haveria um culpado, haveria um castigo, e o caso arrumava-se.

Mas casos destes existem pelas escolas do país inteiro. (Só mesmo a sr.ª ministra - que não entra numa escola sem avisar - é que tem coragem de afirmar que não existe violência nas escolas).

Este caso só é mais importante do que outros porque apareceu em vídeo, e foi levado à televisão, e agora sim, agora sabemos finalmente que a violência existe!

O pior é que isto não tem apenas a ver com uma aluna, ou com uma professora, ou com uma escola, ou com um estrato social.

Isto tem a ver com qualquer coisa de muito mais profundo e muito mais assustador.

Isto tem a ver com a espécie de geração que estamos a criar. Há anos que as nossas crianças não são educadas por pessoas. Há anos que as nossas crianças são educadas por ecrãs.

E o vidro não cria empatia. A empatia só se cria se, diante dos nossos olhos, tivermos outros olhos, se tivermos um rosto humano.

E por isso as nossas crianças crescem sem emoções, crescem frias por dentro, sem um olhar para os outros que as rodeiam.

Durante anos, foram criadas na ilusão de que tudo lhes era permitido. Durante anos, foram criadas na ilusão de que a vida era uma longa avenida de prazer, sem regras, sem leis, e que nada, absolutamente nada, dava trabalho.

E durante anos os pais e os professores foram deixando que isto acontecesse.

A aluna que agrediu esta professora (e onde estavam as auxiliares-não-sei-de-quê, que dantes se chamavam contínuas, que não deram por aquela barulheira e nem sequer se lembraram de abrir a porta da sala para ver o que se passava?) é a mesma que empurra um velho no autocarro, ou o insulta com palavrões de carroceiro (que me perdoem os carroceiros), ou espeta um gelado na cara de uma (outra) professora, e muitas outras coisas igualmente verdadeiras que se passam todos os dias.

A escola, hoje, serve para tudo menos para estudar. A casa, hoje, serve para tudo menos para dar (as mínimas) noções de comportamento.

E eles vão continuando a viver, desumanizados, diante de um ecrã. E nós deixamos.»

Alice Vieira, Escritora

Sunday, April 06, 2008

Ler na net

agora há a revista Ler na net em blog, é só carregar aqui.

Fernando Meireles

Novo filme de Fernando Meireles baseado em Saramago.

finalmente o Museu do Surrealismo em Famalicão


«O projecto do Centro de Estudos e Museu do Surrealismo (CEMS) , a erigir em Vila Nova de Famalicão em 2009, irá criar um equipamento cultural único no País destinado a albergar mais de 1900 obras do surrealismo, incluindo todo o espólio de Mário Cesariny, e a promover o estudo e divulgação do surrealismo.
Promovido pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e a Fundação Cupertino de Miranda, o equipamento irá dispor de salas de exposição temporárias e permanentes, uma biblioteca para cem mil volumes, um auditório com 112 lugares, espaço pedagógico, zona administrativa, zona de espólio, loja e cafetaria.
O primeiro aniversário da morte de Cesariny (2006-1923) foi a efeméride escolhida para a apresentação pública do projecto de arquitectura do CEMS, da autoria do atelier DNSJ, Lda.
Localizado no Parque da Devesa, a concepção proposta pelo colectivo de arquitectos assenta na ideia de uma construção de forma maciça que se assume de uma maneira abrupta na paisagem. Um pequeno bosque de faias, também proposto pelo atelier, contrasta com o volume do edifício e "dilui a presença do CEMS, tornando-a misteriosa e encoberta", contam os arquitectos.
Com três pisos acima do solo e um em cave, o CEMS será em betão à vista descofrado com textura em tábuas de madeira, uma vez que "a cofragem de madeira propõe, pela textura resultante, um valor plástico que dialoga com o ambiente do parque". Nas fachadas, sobressaem os grandes vãos de diferentes tamanhos, colocados assimetricamente.
A implantação do CEMS no terreno faz-se utilizando jogos de opostos ou compensações entre os espaços construídos e verdes: o edifício propriamente dito localiza-se ao pé do Parque da Defesa, enquanto que o bosque faz a transição entre a cidade e o CEMS. Para os arquitectos, este bosque, que tem de ser percorrido para se aceder ao edifício, cria um efeito dramático que antecipa o visitante para o mundo "surreal" que o espera. O dramatismo é enfatizado pela própria entrada, em forma de fenda.
Os jogos de contraste prolongam--se para o interior, mas desta vez utilizando efeitos como compressão/descompressão do espaço: zonas de pé- -direito triplo, com cerca de 9 m de altura, como a recepção, circulação e espaços expositivos coabitam com espaços de pé-direito menor, como a loja e cafetaria. Nos espaços de pé-direito elevado existem situações que permitem o usufruto visual do grande desafogo de altura, como passadiços ou "miradouros", que permitem olhar de cima para baixo.
"Quisemos criar uma série de situações que pudessem corresponder a coisas inesperadas", explica Duarte Nuno Simões, a propósito da abordagem arquitectónica tanto no interior como no exterior.
in DN

Saturday, April 05, 2008

revista parq

revista on-line a ver aqui. descarregue o pdf e descubra uma nova revista portuguesa.

Jovens Criadores 2008

Estão abertas as inscrições para o concurso Jovens Criadores 2008. Na sua 12ª edição, é uma iniciativa conjunta do Instituto Português da Juventude e do Clube Português de Artes e Ideias, que se destina a dar a conhecer artistas em início de carreira, até os 30 anos, de nacionalidade portuguesa ou residentes no país.

As inscrições decorrem até 12 de Maio.

As áreas a concurso são: Artes Plásticas, Banda Desenhada, Ilustração, Ciber Arte, Fotografia, Vídeo, Dança, Música, Design de Equipamento, Design Gráfico, Joalharia, Moda e Literatura.

Os projectos seleccionados por parte de júris especializados em cada área artística serão apresentados na 12ª Mostra Jovens Criadores.

Desde 1996, a Mostra Jovens Criadores já se realizou em Lisboa, Guarda, Aveiro, Braga, Porto, Coimbra, Santa Maria da Feira, Silves, Amarante, Montijo, Odivelas, tendo sido plataforma de lançamento e confirmação de criadores que muito têm contribuído para uma desejável renovação do panorama artístico nacional. A título de exemplo, por aqui passaram Catarina Campino, João Garcia Miguel, Cristina Filipe, José Luís Peixoto, Cláudia Tomaz, Gonçalo M. Tavares, Renata Sancho, João Fazenda, Vasco Araújo, João Pedro Vale, Tiago Guedes, André Murraças, Alexandra Moura, Patrícia Bateira, Cecília Costa, Lara Torres.

Convidamos ainda a visitar o sítio www.artesideias.com, onde é possível consultar o regulamento e descarregar a ficha de inscrição,

* Informações : Clube Português de Artes e Ideias, telefone 213230090/1 ou e-mail: jovenscriadores@mail.telepac.pt.

todos ao museu


Wednesday, April 02, 2008

Dorit Chrysler @ Cafe Delight, Bristol

Há coisas fantásticas, não há? #6

Who Do You Think You Are - BBC

Há coisas fantásticas, não há? #5

Gente Fina É Outra Coisa - RTP

mais um a chamar filho da puta a guillermo vargas habacuc


Já é a segunda vez que este senhor repete esta extraordinária brincadeira de matar um cão, apelidando o crime de "obra de arte". a minha próxima vaga de assaltos à mão armada a bancos será também uma obra de arte e espero vir a ser convidado a repetir noutros sitios como na Bienal Centroamericana Honduras, que este ano convida este senhor a repetir a sua "obra de arte". Creio que as petições já não resolvem nada... de se fazerem tantas quando são mesmo necessárias já nada resolvem, no entanto aqui fica o link.
Segundo o "artista", a sua "obra" foi uma homenagem a Natividad Canda, uma nicaraguense que morreu após o ataque de um cão Rottweiler. O "artista" afirmou: "Me reservo o direito de decidir se é certo ou não que o cachorro morra. O importante para mim é a hipocrisia das pessoas: um animal assim se converte em foco de atenção quando o coloco em um lugar onde as pessoas vão ver arte, mas não quando está envolvido na morte de um homem, como aconteceu com Natividad Canda". Circulam, ainda, informações pela internet, que o "artista" diz-se revoltado com a hipocrisia das pessoas, falando que se o cão estivesse morrido na rua, nada disto teria acontecido.

Há coisas fantásticas, não há? #4

not the nine o'clock news

Há coisas fantásticas, não há? #3


Thursday, March 27, 2008

Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2008

Robert Lepage, actor, encenador e dramaturgo canadiano é o autor da Mensagem para o Dia Mundial do Teatro 2008.



"Existem várias hipóteses sobre as origens do teatro, mas aquela que me interpela mais tem a forma de uma fábula:

Uma noite, na alvorada dos tempos, um grupo de homens juntou-se numa pedreira para se aquecer em volta de uma fogueira e para contar histórias. De repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua sombra para ilustrar o seu conto.

Usando a luz das chamas ele fez aparecer nas paredes da pedreira, personagens maiores que o natural.Deslumbrados, os outros reconheceram por sua vez o forte e o débil, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal.Actualmente, a luz dos projectores substituiu a original fogueira ao ar livre, e a maquinaria de cena, as paredes da pedreira.

E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula lembra-nos que a tecnologia está presente desde os primórdios do teatro e que não deve ser entendida como uma ameaça, mas sim como um elemento unificador.
A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de se reinventar abraçando novos instrumentos e novas linguagens. Senão, como poderá o teatro continuar a ser testemunha das grandes questões da sua época e promover a compreensão entre povos sem ter, em si mesmo, um espírito de abertura? Como poderá ele orgulhar-se de nos oferecer soluções para os problemas da intolerância, da exclusão e do racismo se, na sua própria prática, resistiu a toda a fusão e integração?

Para representar o mundo em toda a sua complexidade, o artista deve propor novas formas e ideias, e confiar na inteligência do espectador, que é capaz de distinguir a silhueta da humanidade neste perpétuo jogo de luz e sombra.
É verdade que a brincar demasiado com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas ganha igualmente a possibilidade de deslumbrar e iluminar."

Robert Lepage

Tuesday, March 25, 2008

Simone na TV


Passou este fim-de-semana na RTP 1 o espectáculo “Num País Chamado Simone”, uma bonita homenagem a Simone de Oliveira que deu muito trabalho a muita gente e como eu próprio estou incluído nesse grupo não vou falar sobre a qualidade do espectáculo, vou apenas deixar uma nota ao notável cenário criado pelo Bruno Guerra, fugindo radicalmente às luzinhas piscantes e cenários deprimentes habituais neste tipo de coisa (veja-se a Gala de Homenagem a Moniz Pereira exibida dias depois).
Quanto à exibição na RTP, essa é outra história, e disso posso falar! Quem teve a sorte de estar no Coliseu dos Recreios viu um espectáculo cheio de emoção com uma plateia ao rubro com cantores emotivos e uma Simone fabulosa envolvidos por um cenário extraordinário que por sua vez era enquadrado por uns vídeos feitos por mim. Quem viu o trabalho feito pela RTP não teve essa sorte… o registo “chapa 4” feito pelo já habitual Jorge Rodrigues, que tem vindo a realizar para a televisão grande parte dos trabalhos de La Féria com a excepção de “Grande Noite”, “Cabaret” e “Passa Por Mim No Rossio” (os melhores), fez com que este fosse apenas mais um programa de variedades de homenagem a uma velha glória deste velho país exibido na nossa velha televisão. Eu só pergunto: quando é que voltam a dar importância à realização televisiva como se fazia nos tempos de Luis Andrade (que saudades do “Gente Fina É Outra Coisa”), Herlander Peyroteo, Artur Ramos, Nuno Teixeira ou pelo menos que peguem no Fernando Ávila e o ponham também a fazer este tipo de espectáculos, não o limitem ao “Conta-me Como Foi”, esse sim é um homem que sabe realizar televisão.
Valha-nos as pessoas que com os seus telemóveis filmaram bocados do espectáculo e que com excertos como este nos conseguem dar uma ideia da emoção que foi estar e viver “Num País Chamado Simone”.

Há coisas fantásticas, não há?

Thursday, February 14, 2008

Vote no Teatro Português!


O blog Guia dos Teatros vai entregar os Prémios Guia dos Teatros 2007. Vá até lá e vote nas 21 categorias! Vote aqui!

Tuesday, February 12, 2008

Correntes de Ouro e de Prata

Veio do Lauro António Apresenta... e daí para o Detesto Sopa e agora para este vosso criado. Passo a transcrever:
"E a lógica é a seguinte: escolher os 20 melhores filmes da história do cinema/ de blog em blog actualizar a lista, eliminando dois e adicionando outros dois em substituição daqueles/ trackback" com o blog de origem e encaminhar a lista para outro blog que continuará os procedimentos/ cada blogger colocará o link dos últimos cinco blogs que a actualizaram."
Neste momento a lista é a seguinte:
Vertigo (A Mulher que Viveu Duas Vezes) - Alfred Hitchcock, 1958
Citizen Kane (O Mundo a seus Pés) - Orson Welles, 1941
East of Eden (A Leste do Paraíso) - Elia Kazan, 1955
Modern Times (Tempos Modernos) - Charles Chaplin, 1936
The Pianist (O Pianista) - Roman Polanski, 2002
Unforgiven (Imperdoável) - Clint Eastwood, 1972
The Godfather Trilogy (O Padrinho) - Francis Ford Coppola (1972, 1974, 1990)
Amadeus - Milos Forman, 1984
Persona (A Máscara) – Ingmar Bergman, 1966
Aniki Bóbó - Manoel de Oliveira,1942
E.T. - Steven Spielberg. 1982
Gone With The Wind (E Tudo o Vento Levou) - Victor Fleming 1939
Splendor in The Grass (Esplendor na Relva) - Elia Kazan, 1961
Morte a Venezia (Morte em Veneza) - Luchino Visconti, 1971
Ladri di biciclette (Ladrões de Bicicletas) (Vittorio De Sica) - 1948
Casablanca (Michael Curtis) - 1942
Johnny Guitar - Nicholas Ray, 1954
All That Jazz - Bob Fosse, 1979
Mujeres Al Borde de Un Ataque de Nervios - Pedro Almodovar, 1988
Rocky Horror Picture Show - Jim Sharman, 1975

Pela minha parte, tiro:
The Name of the Rose (O Nome da Rosa)- Jean-Jacques Annaud, 1986
Million Dolar Baby - Sonhos Vencidos - Clint Eastwood, 2004


Coloco:
Mujeres Al Borde de Un Ataque de Nervios - Pedro Almodovar, 1988
Rocky Horror Picture Show - Jim Sharman, 1975

Passo a: Cátia Garcia(FC) Um Ideal Não Muito Perfeito

Os últimos cinco bloggers foram:
Peciscas
Uma Simples Cubata
Divas & Contrabaixos
Lauro António Apresenta…Detesto Sopa

Sunday, February 10, 2008

Cátia Garcia em Sarajevo


Os fados do cinema português no Festival internacional de Sarajevo “Sarajevo Winter”
Após o grande sucesso que foi o espectáculo “Fado a 24 imagens” na abertura do Cine’Eco 2007 – Festival Internacional de Cinema de Seia, na Serra da Estrela em Outubro do ano passado, Cátia Garcia foi convidada a levar os fados do cinema português a Sarajevo.
O convite partiu do director do International Festival Sarajevo "Sarajevo Winter", Ibrahim Spahic que viu o espectáculo no Festival de Seia e quis imediatamente programá-lo para o festival de Sarajevo.
Cátia Garcia vai interromper durante uma semana a sua interpretação no papel de “estrela” no espectáculo de Filipe La Féria “A Estrela”, baseado no conto de Vergílio Ferreira, onde será substituída e ao qual voltará assim que regressar de Sarajevo.



Depois de ter vestido a pele de Alice no musical infantil “Alice no País das Maravilhas” e de Liesl (a filha mais velho do Capitão Von Trapp) em “A Música no Coração”, ambos encenados por Filipe La Féria no Teatro Politeama, Cátia Garcia, que agora interpreta no Teatro Politeama o papel de “Estrela” na peça do mesmo nome baseada no conto de Vergílio Ferreira, leva agora o seu espectáculo “Fado a 24 Imagens” até Sarajevo, numa homenagem à ligação do fado e do cinema.
Apesar de diluída no tempo e num pequeno número de obras, a ligação entre o fado e o cinema português (e algum internacional) é de grande importância, tendo tido como resultado algumas das obras mais marcantes do cinema português como é o caso de “Severa”, “A Canção de Lisboa”, “Capas Negras” ou “Verdes Anos”. É essa ligação que Cátia Garcia estabelece neste espectáculo que percorre os tempos, os filmes, os actores, os compositores, os fadistas e os realizadores unidos pelo cinema e pelo fado. Amália Rodrigues e Hermínia Silva são alguns dos grandes nomes do fado citados ao lado dos actores Vasco Santana, Beatriz Costa ou António Silva, dos realizadores Cottinelli Telmo, Leitão de Barros ou Paulo Rocha, dos compositores e letristas
Alfredo Marceneiro, Frederico Valério, Alberto Janes, Carlos Paredes, Raul Ferrão, Sérgio Godinho, Pedro Ayres de Magalhães ou Rodrigo Leão, e até mesmo do toureiro Diamantino Viseu. Uma viagem através do cinema e do fado nesta nossa estranha forma de ser…


Voz
Cátia Garcia
Guitarra Portuguesa
Samuel Cabral
Miguel Amaral
Viola
Nel Garcia
Contrabaixo
João Penedo
Co-produção
Magazin Produções e
CineEco – Festival Internacional de Cinema de Seia – Serra da Estrela


O International Festival Sarajevo "Sarajevo Winter" é um tradicional ponto de encontro para artistas e cidadãos de todo o mundo.
O primeiro "Sarajevo Winter" Festival decorreu entre 21 Dezembro de 1984 e 6 Abril de 1985. No decorrer de 23 anos de existência, o Festival tornou-se uma parte inseparável da vida daquela cidade. Nos 1069 dias de Festival, Sarajevo viu 2.908 espectáculos e exposições com mais de 2.883.500 espectadores e 25.290 artistas participantes de todo o mundo.
O "Sarajevo Winter" Festival continuou sempre, mesmo em tempo de Guerra e tornou-se um símbolo da liberdade de criatividade.
O International Festival Sarajevo "Sarajevo Winter" recebeu diversos prémios entres eles o mais alto galardão da cidade de Sarajevo - "Šestoaprilska nagrada Sarajeva".
Todos os anos o Festival é dedicado a um tema, sendo este ano “Barricades Without Borders- 68 New (Brave) World”, tema que abre a questão do diálogo entre diferentes gerações, que participam no festival, cada um da sua maneira, para criar um novo mundo enquanto se destroem as barricadas dos sonhos, dos objectivos e dos mundos em que vivemos.
Através da arte e da vida, o Festival irá explorar as relações geracionais entre a segunda metade do século XX desde a altura das revoluções estudantis de 1968 aos nossos dias. Através da comunicação urbana de artistas, publico em geral e historiadores com os seus problemas e interesses contemporâneos.

Wednesday, January 23, 2008

Visita à Anunciação


para fumadores e não fumadores

como este é um blogue anti-extremismos, aqui fica o conselho para darem um saltinho ao dia de preguiça e lerem um texto magnífico.

Blogs e Museus

No próximo dia 1 de Março, pelas 14h00, o Museu da Chapelaria recebe o 1º Encontro de Blogs de Museus.
O objectivo deste encontro é fomentar a discussão e a troca de experiências neste domínio, pelo que serão convidados diversos autores de blogs, nomeadamente, um representante de um museu, um representante de uma associação ligada à museologia e um profissional de museus.
A entrada é gratuita mas deverá fazer a inscrição através do mail museu.chapelaria@gmail.com

PROGRAMA PROVISÓRIO
14H00 – RECEPÇÃO NO MUSEU DA CHAPELARIA
14H30 – BLOGS DE MUSEUS
14h45 – BLOGS DE ASSOCIAÇÕES
15H00 – BLOGS DE PARTICULARES.
15H15 – DEBATE
15H45 – VISITA TÉCNICA AO MUSEU DA CHAPELARIA

Monday, January 21, 2008

"Evil Machines" no São Luiz

Vão ver antes que acabe, depois vão ter pena de não ter visto... eu avisei...

EVIL MACHINES
A fantasia musical de Terry Jones e de Luís Tinoco
12 JAN a 3 FEV
TERÇA, QUARTA, SEXTA E SÁBADO ÀS 21H00
DOMINGO ÀS 17H30
Espectáculo em inglês, legendado em português.
Duração aprox: 2 horas

“Num mundo em que as máquinas e os seres humanos podem comunicar entre si e partilhar as mesmas esperanças e aspirações, certas máquinas têm uma agenda diferente. Há um Aspirador que tenta dominar o mundo. Há um Carro que rapta pessoas; há duas Motas que assaltam um banco e um Elevador que leva as pessoas a sítios onde não querem ir; e há um Telefone que diz o que as pessoas gostavam de dizer e não o que realmente dizem – com resultados terríveis para a Sra. Morris, a velhota que o comprou.”
Música original Luís Tinoco
História Terry Jones e Anna Söderström
Libreto Terry Jones
Encenação Terry Jones
Direcção Musical Cesário Costa
Figurinos Vin Burnham
Cenografia Hernâni Saúde
Coreografia Paulo Ribeiro
Desenho de Luz Nuno Meira
Desenho Musical / Sonoplastia José Luís Ferreira
Interpretação Ana Paula Russo, Ana Quintans, Carla Simões, Fernando Guimarães, João Oliveira, João Martins, João Merino, José Lourenço, Marco Alves dos Santos, Mário Redondo, Raquel Camarinha, Sara Braga Simões
Orquestra Metropolitana de Lisboa
Alunos da Orquestra Académica de Lisboa
Maestro Cesário Costa