Monday, December 17, 2012

"The Magistrate" no National Theatre

Era para ter sido "O Conde de Monte Cristo" e à última da hora foi alterado para este "The Magistrate" a farsa victoriana de 1885 de autoria de Arthur Wing Pinero. O elenco encabeçado por John Lithgow e Nancy Carroll prometem um grande espectáculo. A não perder no National Theatre se for passar as festas a Londres!





















Valetino e "Master of Couture"



Se ainda não teve oportunidade de ir até Londres, aqui fica um vídeo com um excerto da magnifica exposição do Valentino, "Master of Couture" na Somerset House, incluindo imagens do costureiro a mostrar as suas peças preferidas usadas por Audrey Hepburn, Jackie Onassis e Julia Roberts. "The perfection of a dress is like a sculpture that is done on the body of a lady," diz ele enquanto a camara passa por flores e pedras preciosas. "The dresses are going to be very expensive, so they have to be like jewels." E é bem verdade.

Pormenores de uma árvore de Natal...





Táxi




- Boa noite.
- Boa noite.
- Era para a Av. dos Estados Unidos. O mais rápido possível.
- Rápido, hoje, a esta hora? Isso é que não me parece muito possível. Sabe que dia é hoje?
- Sei. É precisamente por isso. Se não estivesse cheia de pressa não me tinha metido num táxi, pode ter a certeza.
- Pois, hoje toda a gente tem pressa. Parece que deixam todos as compras para o último dia! Será que ninguém esperava que o Natal fosse a 25 de Dezembro?
- Se tivesse tido tempo, garanto-lhe que não tinha deixado tudo para hoje. Ou acha que é muito divertido andar aqui a esta hora e ainda ter de ir fazer a ceia para dez pessoas? Buzine… buzine. Olhe que esse aí está estacionado. Mal, mas está…
- É. Aposto que está à espera que a madame saia da loja. Isto é que é uma vida! Mas quem me manda a mim andar a trabalhar num dia destes? Sai daí! Mexe-te, ó…! (faz uma manobra esforçada) Pressa, pressa… se tem pressa vá a pé, que é melhor. Olhe que por aqui não vamos a lado nenhum depressa.
- Bem, deixe lá, não se enerve que não vale a pena. Afinal, é Natal, tempo de paz e boa vontade entre os homens, não é?
- Pois. Aqui mesmo é só boa vontade, não vê? Ó caramelo, tira lá essa coisa da frente… Saiu-te a carta no preço certo em euros? Isto é que é uma vida!
- Deixe lá, já percebi que depressa não pode ser. Olhe, paciência. Não estou para me chatear mais. Isto não é Natal, não é nada, parece uma maratona. (liga do telemóvel)
– Está? Sou eu. Olha, eu estou no trânsito e não sei a que horas é que me livro disto…
O taxista fala, lá para fora:
- Isso, bate, bate que és tu quem pagas! Vá, dá-lhe com força. Se esta sucata for para a oficina, acabam-se as pressas. Luzes, luzes… (pisca com os dedos) não vês? Ela (continuando) - … então, pede à tua mãe que meta o animal no forno, está bem? É só meter no forno, está tudo pronto. E depois ir vendo, claro, ela sabe… Pois…
- Ó dona, vou meter por aqui, é um bocadinho mais longe, mas parece que está desimpedido.
- Sim, vá por onde lhe parecer melhor. (continuando) … e vê lá se tratas do vinho, está bem? Então vá, até já…
- Pronto, por aqui já uma pessoa se safa. Nestes dias não vale a pena andar a trabalhar, é o que lhe digo. Não é para nós nem para os clientes. Pagam mais e são mal servidos e eu não ganho para o gasóleo nem para os calmantes.
- Calmantes? Não me diga que toma calmantes. Os calmantes tiram os reflexos, não pode andar a conduzir, é um perigo.
- Pois não, experimente a dona andar aqui neste trânsito, sem calmantes e depois vai ver. Não tenha medo, que eu não adormeço. Se eu nem de noite durmo, quanto mais de dia. Isto dá insónias a qualquer! (para fora) – Não tens piscas, não? Isto é que é… - O senhor não se ponha assim. Quando chegar a casa, ao pé da família, nem lhe apetece festejar, vai cheio de stress.
- Festejar? Ó minha senhora, a festa é largar esta porcaria das mãos. Sabe qual era a melhor prenda de Natal que me podiam dar? Um emprego sentado a uma secretária!...
- Pois, sentado a uma secretária é mais sossegado. Mas olhe que num escritório nem tudo são rosas, pode crer! Principalmente nesta época. São os cartões de boas-festas para mandar e para agradecer, são os telefonemas a toda a hora, é a proximidade do balanço, é a confusão total. Não pense que é fácil, não…
- Bem, de qualquer maneira, nem se compara, não é? Isto aqui é o inferno na terra! E um inferno que vem desde Outubro, ou mesmo desde Setembro, mal começam as aulas, mas quando começam os primeiros dias de chuva, então é que não pára mais a confusão. Vai direitinho, até ao Natal e sempre a agravar. - As ruas não foram feitas para tanto carro.
(excerto da peça "Taxi", texto de Maria Eduarda Colares a partir de uma ideia de Frederico Corado)