Friday, June 24, 2005

FESTIVAL DE TEATRO DE ALMADA

04 - 18 de Julho
UM NOVO CICLO
O Festival de Almada, que em 2004 completou vinte anos de existência, ao longo dos quais registou um permanente desenvolvimento, entra, este ano, num novo ciclo. A inauguração do novo Teatro Municipal de Almada, concretização de um velho sonho da Companhia, se, por um lado, constitui um ponto de chegada, representa, também, um novo e estimulante ponto de partida.
Todo o percurso da Companhia de Teatro de Almada está, nesta cidade, intimamente ligado ao apoio da Autarquia. O novo teatro - um edifício que, pelas suas características arquitectónicas, condições de funcionamento e qualidade do equipamento, constitui um importante factor de valorização do tecido nacional de espaços de criação artística e actividade cultural - é o resultado directo da produtiva colaboração entre a Companhia e a Autarquia. E pode, muito bem, neste sentido, ser apontado como um exemplo de como, à margem da burocracia dos diplomas, que criam realidades virtuais sem cuidar das condições práticas da execução das respectivas determinações, uma conjugação tríplice de esforços entre o Governo central, o poder Autárquico e os agentes culturais poderia muito bem, a partir da existência de projectos consolidados de cooperação, alterar substancialmente a circunstância cultural do País.
É da mais elementar justiça lembrar que uma política de novos equipamentos culturais foi lançada, nessa base, pelo Ministério da Cultura do tempo de Manuel Maria Carrilho. Este novo edifício, que honra a cidade de Almada e o País, é a cabal demonstração do muito que se pode fazer, sem esbanjamento de recursos e sem megalomania, quando a cooperação é o método e o meio de projectar o futuro, com ambição, mas, ao mesmo tempo, com lucidez e consistência.
Em todo o processo que levou à realização desta obra, o Festival de Almada, concebido e realizado ao longo de anos pela Câmara Municipal de Almada e pela Companhia de Teatro de Almada, representou, naturalmente, um papel importante. Os equipamentos culturais que nas últimas décadas a Autarquia foi construindo permitiram o desenvolvimento do Festival. No Fórum Romeu Correia, por exemplo, apresentaram-se companhias internacionais célebres, entre as quais a própria Schaübhunne am Lenhiner Platz. Mas faltava, naturalmente, um equipamento que pudesse receber espectáculos que, até aqui, não podiam ser apresentados em Almada.
É, designadamente, por isso que um novo ciclo pode começar agora. Um ciclo em que o Festival, que há anos abrange também Lisboa, pode ter em Almada um novo centro, ao nível dos melhores equipamentos da capital. Mas não só por isso. O novo Teatro Municipal não é apenas o resultado de um desejo ou de uma legítima ambição. Ele corresponde a uma necessidade intrínseca a um processo de desenvolvimento em que o Festival de Almada ocupa, obviamente, um lugar central.
Por isso, em cada edição - e apesar das crescentes dificuldades orçamentais que nos últimos anos tenho vindo regularmente a denunciar com a esperança remota de vir a ser ouvido - procuramos, mantendo os traços próprios e tradicionais, a renovação e a modernidade.
A presença em Portugal, pela primeira vez, de uma companhia como a do Odéon - Théâtre de l’Europe, dirigida por Georges Lavaudant, inscreve-se nesse esforço. No mesmo plano se incluem os espectáculos de Philippe Genty e Denis Marleau. Trata-se, em todos os casos, de personalidades fundamentais da cena internacional contemporânea, criadores ligados a universos teatrais muito diferentes, que suscitarão, certamente, o interesse do público português. Um ciclo sobre Jean-Luc Lagarce - um dos nomes fundamentais da dramaturgia moderna - liga-se com a apresentação de vários autores contemporâneos e, como é hábito, de autores clássicos. Novos criadores estrangeiros e portugueses valorizam também esta riquíssima edição de 2005, que contará com quatro estreias absolutas. Como sempre, também, um vasto programa de actos complementares acentuará a vertente de reflexão e de troca de experiências, um dos traços caracterizadores do Festival de Almada - lugar de convívio e de cruzamento de culturas e linguagens.
Espero que o ciclo que agora se abre represente uma nova etapa de desenvolvimento. E que o Festival possa manter-se fiel à sua mais reconhecível vocação: a de crescer, rejuvenescendo.
Joaquim Benite, Director do Festival

http://www.ctalmada.pt/

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